Mas fui eu que rasguei aquele seu
vestido preferido, e também coloquei xixi do cachorro na garrafa d’água na
geladeira, também varri todo o lixo da casa para debaixo do sofá. Eu adorava
jogar bolinha de jornal molhado na parede do teto do banheiro. Quantas e
quantas vezes esvaziei o pneu do seu carro para você chegar atrasada no
trabalho. Colocava chiclete dentro dos seus sapatos e misturava o teu shampoo
com condicionador. Deixava de proposito o leite ferver e sujar todo o fogão. Esquentava
a panela com óleo quente e jogava água de longe para sujar toda a cozinha.
Não me esqueço do dia que
coloquei “Kisuco” dentro de sua predileta garrafa de vinho e também do dia que
soltei o cabo da televisão para você não conseguir ver novela. Lembra-se do seu
gatinho “Puma”? Eu odiava aquele gato maldito, eu falei que ele havia fugido,
mas na verdade levei-o para bem longe e soltei na beira da estrada. Seu computador
ficou lento de tanto vírus que coloquei, fui eu mesmo que pinchei o muro da tua
casa e coloquei a culpa no “Dudu Chulé”. Lembro-me de você ficava puta e não
sabia de onde vinham aquelas borrachinhas pretas espalhada por toda a casa –
era eu que chegava do futebol de grama sintética e tirava a chuteira dentro da
cozinha.
Eu colocava açúcar nos cantos da
casa só para encher de formigas e também deixava o ralo do quintal aberto para
as baratas subirem para a casa. Eu pegava sua escova de cabelo e penteava os
cachorros da rua, já até usei a tua escova de dente para engraxar meus sapatos.
Era máximo colocar bombinhas na caixa de correio e sair correndo. O dia mais
engraçado foi quando coloquei cola dentro do seu desodorante e graxa no seu
hidratante corporal.
Eu riscava as paredes da casa e
falava que eram aqueles chatos dos seus sobrinhos, fui eu também que arranhei
toda a lateral daquele seu carro novinho. Cortava os travesseiros e enchia o
quarto de espuma. Eu apagava as mensagens do seu celular e dizia que o mesmo
estava dando “Biziu”. Na hora do almoço me divertia fazendo guerra de comida
com as crianças, estourei todas as lâmpadas da casa com bolinha de gude no
bodoque.
Quebrei as pernas das cadeiras
brincando de balanço, despedacei todos os espelhos da casa para fazer cerol, eu
bebia água e deixava as garrafas vazias dentro da geladeira. Enfiava palitos de
fósforos dentro das fechaduras - quando não quebrava a chave dentro delas.
Eu era feliz e não sabia!
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