Procurei por ti, amor,
nas entrelinhas das canções,
nos goles de vinho que bebi sozinho,
nas esquinas do mundo, nas multidões,
em silêncios longos que gritavam por sentido.
Beijei bocas procurando tua essência.
Toquei corpos buscando tua presença.
Passei noites em claro escrevendo versos
que talvez um dia você lesse
mas você não vinha...
Fiz de olhares promessas,
de abraços, refúgios falsos.
Confundi paixão com permanência,
e me perdi em tantas tentativas
de reconhecer em alguém
aquilo que eu mesmo duvidava existir.
Até que deixei de procurar.
Desisti, não com tristeza,
mas com a paz de quem se rende
ao que não se fabrica.
E foi nesse exato instante que você chegou.
Chegou como quem não quer nada,
mas era tudo.
Me amou sem perguntas,
me escutou sem querer mudar meu tom,
me acolheu sem inventar um roteiro.
Você não me completou.
Me ampliou.
Foi mais que metade:
foi espelho,
foi espanto,
foi alívio.
Agora entendo:
o amor não vem quando a gente chama.
Vem quando a gente cala.
Ele não exige,
ele se apresenta.
E às vezes…
é no fim da estrada
que começa a caminhada certa.
Obrigado por ter vindo
quando eu já não te esperava.
Porque agora,
cada dia ao teu lado
é a poesia que um dia
eu sonhei escrever.