Visitantes

Mostrando postagens com marcador psicologia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador psicologia. Mostrar todas as postagens

9 de julho de 2025

São o que São

As pessoas NÃO são o bem mais importante de uma empresa


As pessoas são o que são nuas de enfeite,
Sem os véus que pintamos em nossa ilusão.
Não há máscara que dure, nem alma que aceite
Ser moldada ao capricho da nossa projeção.

Criamos castelos com base em silhuetas,
Imaginamos virtudes onde só há razão,
E ao fim, tropeçamos nas mesmas canetas
Com que escrevemos contos sem chão.

O caráter não dança ao som do desejo,
Não muda por toque, carinho ou ardor.
É raiz silenciosa, sem disfarce ou ensejo,
É verdade que existe, com ou sem o amor.

A personalidade, tal qual impressão digital,
É marca que o tempo só acentua e revela.
Não se desfaz com beijos ou ideal moral,
Nem cabe na moldura da novela mais bela.

Aceita: ninguém é sonho, ninguém é mito.
Cada qual carrega luz, sombra e vício.
Faz-se sábio quem olha com olhar mais limpo,
E deixa de lado o delírio fictício.

Expectativa é a mãe do desgosto.
Fantasia, o pai do abismo emocional.
Se queres paz, encara o oposto:
Vê o outro como é humano e real.




25 de junho de 2025

A poesia dos meus defeitos, ou Retratos da minha personalidade - Fragmentos do EU.



Carrego em mim um abismo calado,
Niilismo vestido de homem cansado.
Vejo o mundo sem véus nem mentiras,
Mas às vezes me afogo nas próprias retinas.

Sou castelo erguido na rocha da dor,
Orgulho de mármore, com rachaduras de amor.
Minha mente é uma lâmina afiada demais,
Que fere a mim mesmo em silêncios brutais.

Autossuficiente até demais para pedir socorro,
Prefiro morrer em pé do que viver de desafogo.
Meu controle é um cárcere de vidro e razão,
Um trono vazio dentro do meu coração.

Intelecto em chamas, ego mascarado,
Um sábio que às vezes fala calado.
Cobro do mundo aquilo que nem dou,
E sangro verdades que o tempo calou.

Sou intensidade que nunca relaxa,
E carrego no peito uma eterna ameaça:
De não saber ser leve, de não saber ser pouco,
De ser tempestade mesmo quando estou rouco.

Idealizo o amor como um livro sagrado,
E me frustro ao ver que o outro é falho e cansado.
Exijo perfeição do humano imperfeito,
E me afasto, soberbo, ferido no peito.

Rancores antigos moram nos meus ombros,
Memórias cortantes que não caem aos escombros.
E mesmo que o tempo queira me curar,
Revivo traições só para não me entregar.

Sou um general de batalhas internas,
Construo muralhas, destruo minhas pernas.
Mas no fundo, bem fundo, eu sei o que sou:
Um homem em guerra... que só quer um pouco de paz e amor.




17 de junho de 2025

A Flor da Ingratidão, ou Também amar é ser ferido.



Sim, eu vi…
Você deu tudo de si.
O tempo, o riso, o ombro, o pão.
Ofereceu o que tinha e o que não cabia no bolso,
mas transbordava da alma.

E no entanto,
vieram os dentes onde esperava abraços.
Vieram os olhos tortos onde plantou sinceridade.
Veio o silêncio frio onde habitava sua ternura.

A tragédia da ingratidão não é o esquecimento,
mas a perversão da memória.
Porque não apenas esquecem o que você fez,
mas distorcem o que você foi.

Hoje te aplaudem,
amanhã te apedrejam
e, ironicamente, pelo mesmo gesto.
A mão que salvou também assusta.
O amor que cura também incomoda.

O ingrato não é aquele que não retribui,
é aquele que transforma o bem em suspeita.
É aquele que te olha com o mesmo olhar
com que um lobo observa a mão que alimenta.

Faça o bem e serás criticado por querer parecer santo.
Fale a verdade e será odiado por não ser cúmplice.
Dê amor demais e dirão que é carência.
Afaste-se e dirão que é orgulho.

Se fores gentil, te chamarão de falso.
Se fores direto, te acusarão de rude.
Se fores forte, dirão que és autoritário.
Se fores frágil, rirão da tua fraqueza.

O mesmo sol que aquece, queima.
O mesmo rio que irriga, inunda.
O mesmo coração que ama, apodrece quando pisado.

E então você aprende…
Que não importa o quanto se esforce,
você será lido com os olhos dos outros.
E olhos, meu caro, não são espelhos.
São prismas distorcidos de mágoas não suas.

Mas ainda assim; faça.
Ame, mesmo que cuspam.
Ajude, mesmo que esqueçam.
Perdoe, mesmo que zombem.

Porque a alma que serve não o faz por resposta,
mas por essência.
E é aí que a ingratidão revela sua beleza oculta:
ela não destrói o valor do gesto,
apenas revela o vazio do recipiente que o recebeu.

E no fim, lembre-se:
Alguns te amarão pelo que és.
Outros te odiarão pelo mesmo motivo.
Mas tua missão não é ser aceito.
É ser inteiro.




16 de junho de 2025

ENTRE AS RUÍNAS DO AMOR MODERNO, ou Um diálogo interior em forma de monólogo inquisidor - O que é romantismo?



O que é o romantismo?

    É flor? É vinho? É dor pintada com perfume? É o ato do homem que se inclina, oferecendo o coração em bandeja, esperando que a mulher o aceite como prêmio ou o rejeite como servo?

    Caminho hoje entre os homens e percebo que se construiu uma ideia — bela à primeira vista — mas envenenada na essência: a de que o homem deve ser o eterno provedor de afeto, o portador das flores, o escrevente das poesias, o doador de tudo, enquanto a mulher é o altar, o destino, o troféu.

    Pergunto: por que o amor verdadeiro necessitaria de encenação? Por que há de um se curvar para que o outro se sinta elevado? Se há amor, não deveria haver simetria?

    Vós vos dizeis modernos, mas viveis como cativos de uma fábula antiga. O homem, ensinado desde menino, aprende que deve conquistar. Que a mulher é fortaleza a ser vencida. Que seu valor está na capacidade de prová-lo, agradá-la, sustentá-la, idolatrá-la. E se assim não o fizer, é indigno, frio, insensível.

    Mas não há injustiça em tal crença? Não é este um papel servil disfarçado de cavalheirismo? Ora, se o romantismo exige do homem todo esforço, toda entrega, e à mulher toda exigência, então ele não é amor — é teatro. É contrato tácito onde um doa e o outro recebe.

    E que tragédia nasce disso! Homens frustrados, esvaziados, endeusando mulheres que os desprezam. Mulheres que, em sendo colocadas num pedestal, tornam-se inatingíveis, não por virtude, mas por conveniência. Assim, a deusa não ama, apenas é adorada. E o servo não é amado, apenas útil.

    Será esse o amor que promove a alma? Ou será prisão de ilusões, onde se troca liberdade por idealismo estéril?

    Interrogo ainda: será que o romantismo favorece a mulher? Ou será que também a aprisiona? Pois se ela é ensinada a ser desejada e não a desejar, a ser servida e não a servir, a ser conquistada e não a conquistar, então ela também não ama — apenas reina. E reinar sem reciprocidade é solidão coroada.

    Portanto, desconfiemos do romantismo como estrutura. Interroguemos seus fundamentos. Quem lucra com ele? Quem perde? Quem finge? Quem sofre?

    O amor deve ser encontro de iguais, não escada social, nem idolatria.

    Devemos destruir o pedestal, não para rebaixar a mulher, mas para que ambos caminhem lado a lado, e não um sobre os ombros do outro.

    Pois o que é mais belo: um amor sincero entre dois seres livres? Ou um ritual de dominação recíproca, travestido de afeto?

    Amai, sim. Mas amai com olhos abertos. O romantismo, quando se torna exigência e não escolha, é veneno com gosto de mel.

    E como sempre digo: conhece-te a ti mesmo, antes de oferecer teu coração como oferenda a quem talvez nem saiba o que é amor.

 



Todos os textos são autoria de Giliardi Rodrigues. Proibida a reprodução de qualquer texto sem prévia autorização do autor.

Powered By Blogger