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25 de junho de 2025

Carta de Perdão aos que passaram pelo meu caminho



    A todos que, de alguma forma, cruzaram minha jornada e guardam feridas visíveis ou não causadas por mim, venho com sinceridade despir a alma diante do tempo.

Peço perdão.

    Perdão às pessoas que decepcionei com minhas escolhas, palavras ríspidas, silêncios mal explicados ou atitudes impensadas. Perdão aos que confiaram em mim e eu, por egoísmo, cansaço ou confusão, trai essa confiança. Perdão aos que foram bons, generosos, leais e não tiveram a devida reciprocidade. Aos que me estenderam a mão e eu não soube segurar. Aos que me ofertaram amor, tempo e cuidado, e eu não valorizei como deveria.

    Peço perdão às amizades que se tornaram ruínas, não por ódio, mas por desencontros e por minha incapacidade de sustentar vínculos quando minha alma gritava por mudança. Precisei me afastar para sobreviver, para reencontrar quem sou, mas isso não anula as feridas causadas por minha ausência.

    Peço perdão a cada mulher que passou pela minha vida e encontrou em mim algo que não pude sustentar. Não me orgulho dos desencontros, dos afetos interrompidos, das promessas não cumpridas. Se amei mal, se parti corações, se fui egoísta, perdoem-me.

    Peço perdão, também, àqueles que me feriram. Aos que mentiram, traíram, rejeitaram. Aos que partiram sem olhar para trás. Não peço desculpas por me machucar, mas por talvez não ter conseguido corresponder às expectativas, por não ter sido a pessoa que esperavam. Perdoar vocês é me libertar de mim mesmo. Não guardo mágoas, só lições.

    Mas, sobretudo, peço perdão a mim.

    Por todas as vezes que me abandonei tentando agradar. Por todas as vezes que fugi do espelho, com vergonha de quem me tornei. Por todas as vezes que cobrei demais e amei de menos quem eu era. Por ter cultivado culpas em vez de plantar consciência. Hoje, decido me amar. Decido me perdoar. Não para me eximir, mas para evoluir.

    Não escrevo esta carta para buscar pena. Não sou vítima, nem algoz. Escrevo porque preciso romper com os grilhões invisíveis do passado. Preciso respirar fundo e caminhar sem carregar o fardo das culpas, nem as desculpas que nunca recebi. Peço perdão porque quero ser livre. Porque só perdoando posso reconstruir por dentro e por fora.

    A quem quiser acolher esse pedido, que o faça em seu tempo, ou que apenas guarde em silêncio. Não espero absolvição. 


Espero cura.

 



17 de junho de 2025

A Flor da Ingratidão, ou Também amar é ser ferido.



Sim, eu vi…
Você deu tudo de si.
O tempo, o riso, o ombro, o pão.
Ofereceu o que tinha e o que não cabia no bolso,
mas transbordava da alma.

E no entanto,
vieram os dentes onde esperava abraços.
Vieram os olhos tortos onde plantou sinceridade.
Veio o silêncio frio onde habitava sua ternura.

A tragédia da ingratidão não é o esquecimento,
mas a perversão da memória.
Porque não apenas esquecem o que você fez,
mas distorcem o que você foi.

Hoje te aplaudem,
amanhã te apedrejam
e, ironicamente, pelo mesmo gesto.
A mão que salvou também assusta.
O amor que cura também incomoda.

O ingrato não é aquele que não retribui,
é aquele que transforma o bem em suspeita.
É aquele que te olha com o mesmo olhar
com que um lobo observa a mão que alimenta.

Faça o bem e serás criticado por querer parecer santo.
Fale a verdade e será odiado por não ser cúmplice.
Dê amor demais e dirão que é carência.
Afaste-se e dirão que é orgulho.

Se fores gentil, te chamarão de falso.
Se fores direto, te acusarão de rude.
Se fores forte, dirão que és autoritário.
Se fores frágil, rirão da tua fraqueza.

O mesmo sol que aquece, queima.
O mesmo rio que irriga, inunda.
O mesmo coração que ama, apodrece quando pisado.

E então você aprende…
Que não importa o quanto se esforce,
você será lido com os olhos dos outros.
E olhos, meu caro, não são espelhos.
São prismas distorcidos de mágoas não suas.

Mas ainda assim; faça.
Ame, mesmo que cuspam.
Ajude, mesmo que esqueçam.
Perdoe, mesmo que zombem.

Porque a alma que serve não o faz por resposta,
mas por essência.
E é aí que a ingratidão revela sua beleza oculta:
ela não destrói o valor do gesto,
apenas revela o vazio do recipiente que o recebeu.

E no fim, lembre-se:
Alguns te amarão pelo que és.
Outros te odiarão pelo mesmo motivo.
Mas tua missão não é ser aceito.
É ser inteiro.




Todos os textos são autoria de Giliardi Rodrigues. Proibida a reprodução de qualquer texto sem prévia autorização do autor.

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