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7 de outubro de 2025

Nostalgia lúdica do tempo



O tempo… ah, o tempo é um artista cruel e sublime.

Ele pinta com pincéis de vento as lembranças que deixamos escapar pelos dedos fotogramas de um passado que insiste em viver dentro da gente.
Há dias em que a memória chega mansa, com cheiro de café e risadas antigas,
e há outros em que ela rasga o peito como um trovão que não pede licença.

A vida, essa correnteza apressada, não espera ninguém.
Pisca-se, e a infância se despede no retrovisor.
Mais um suspiro, e a juventude se torna apenas um eco nas paredes do tempo.
Tudo passa… tudo.
E cada instante, mesmo o mais simples, é um universo inteiro que se apaga ao ser vivido.

As perdas… ah, as perdas ensinam na dor o que a felicidade não ousa tocar.
Elas deixam cicatrizes que o tempo não apaga, apenas transforma em constelações silenciosas.
Mas é nas saudades que mora o ouro da alma.
Porque sentir falta é a prova de que algo foi belo o bastante pra merecer eternidade.

No fim, somos feitos de pó, lembranças e música antiga.
De rostos que se foram, de amores que ficaram na beira da estrada,
de promessas que o vento levou, e de risadas que ainda ecoam,
como se o ontem estivesse logo ali,
esperando a gente voltar, só mais uma vez.



 

23 de julho de 2025

Se Deus Não Existir



Se Deus não existir e se o céu for silêncio,
o que somos senão poeira em movimento?
Sonhos seriam delírios do carbono,
pensamentos: faíscas do acaso insano.

O amor mero truque biológico,
dopamina vestida de mito poético,
carícia do instinto, pulsar químico e cego,
que o tempo devora no seu ciclo austero.

E a moral? Um pacto coletivo de sobrevivência,
um acordo entre feras civilizadas pela aparência.
Se não há Deus, o bem é convenção,
e o mal nasce na carne e não na perdição.

O mal brota onde há desejo sem freio,
onde o ego constrói seu império alheio.
Ele não vem do inferno nem do abismo arcano,
mas do olhar que calcula e mente com engano.

Se tudo começa e termina na matéria,
então o sentido é chama breve, efêmera.
Mas se mesmo no caos floresce a beleza,
há algo além da simples natureza.

Talvez sejamos deuses em carne disfarçada,
criados não por divindade, mas pela jornada.
E o sentido se é que há não vem de cima,
mas do que criamos com dor e disciplina.

Pois se não há Céu, que o céu seja o gesto,
de quem ama, de quem luta, de quem é honesto.
Se Deus não existir, que a vida seja arte:
mas com verdade em cada parte.

Todos os textos são autoria de Giliardi Rodrigues. Proibida a reprodução de qualquer texto sem prévia autorização do autor.

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