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12 de agosto de 2025

A Colisão Silenciosa de Mundos Internos




Não obstante, meus pensamentos se expandem diante dos sentidos – é como se cada ideia fosse uma explosão silenciosa, uma colisão de átomos de detalhes que se multiplicam até perderem o contorno. Eu não penso apenas: eu me afundo, me dissolvo, e retorno mais denso, mais afiado, mais perigoso.

A minha personalidade não é feita de certezas, mas de correntes que mudam de direção sem aviso. Não sou previsível, tampouco constante. Há em mim algo que fere e cura, que aproxima e afasta. Sou como um furacão que gira parado – inerte por fora, devastador por dentro.

Meus pensamentos não pedem permissão. Eles invadem, dominam e ocupam o espaço. Têm fome de entender o que não deve ser entendido, de tocar onde ninguém ousa tocar. Não são apenas reflexões; são armas afiadas, prontas para cortar a superfície das ilusões.

Carrego a estranha habilidade de ver camadas escondidas nas pessoas. O que para muitos é apenas gesto ou palavra, para mim é código, sinal, evidência. E uma vez visto, é impossível esquecer. É um fardo e um poder.

O meu caráter se molda na fricção entre o que sinto e o que escondo. Nunca me entrego por completo, pois sei que a verdade, crua e inteira, é insuportável para a maioria. Prefiro insinuar a revelar, deixar o outro sentir a vertigem de adivinhar quem realmente sou.

A minha mente é um labirinto com portas que não abrem pelo lado de fora. Quem tenta entrar descobre cedo demais que a saída não está no mesmo lugar da entrada. E poucos têm coragem de percorrer todos os corredores.

Há uma parte de mim que se mantém na penumbra, não por covardia, mas por estratégia. É lá que guardo a essência que não pode ser corrompida. Um núcleo de silêncio absoluto, imune ao barulho do mundo.

Meu pensamento é voraz, e minha personalidade é um enigma em movimento. Quem tenta me decifrar percebe que, mesmo quando pensa ter encontrado a resposta, a pergunta já mudou.

Eu sou o impacto que não se vê chegando, a palavra que rasga a calma, a presença que carrega tempestade mesmo em um dia sem vento.

E, no fim, o que sou não é para ser explicado e nem entendido.






15 de julho de 2025

A lei da semeadura é mito


 

Plantamos amor, colhemos espinhos,
regamos o justo, cresce o espúrio.
Erguemos pontes com mãos limpas,
e eles com sangue constroem impérios.

Mentem, traem, riem no luxo,
caluniam em jantares requintados,
difamam com lábios dourados,
e o mundo... silencia e aplaude.

Dizem que tudo volta,
mas o retorno tarda ou nunca vem.
O vil prospera, o justo se cansa,
a colheita da alma vira desdém.

A tal “lei da semeadura”...
quem a escreveu não viu Babilônias.
Nem os altares erigidos com cadáveres,
nem as coroas feitas de mentira.

Então, o que vale?
Talvez e só talvez a consciência.
Não a paz dos justos, mas o sono dos íntegros,
o silêncio que não esmaga, mas liberta.

Viver com a alma limpa é revolução.
Ser bom em um mundo torpe é heresia.
Mas ainda assim, escolho a lucidez,
a honra que ninguém vê, mas arde
como fogo secreto, inextinguível.

Se não colho o que planto,
é porque o solo do mundo é podre.
Mas minha semente, ah...
ela é de ouro. E arde no tempo.

 

Todos os textos são autoria de Giliardi Rodrigues. Proibida a reprodução de qualquer texto sem prévia autorização do autor.

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