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15 de julho de 2025

A lei da semeadura é mito


 

Plantamos amor, colhemos espinhos,
regamos o justo, cresce o espúrio.
Erguemos pontes com mãos limpas,
e eles com sangue constroem impérios.

Mentem, traem, riem no luxo,
caluniam em jantares requintados,
difamam com lábios dourados,
e o mundo... silencia e aplaude.

Dizem que tudo volta,
mas o retorno tarda ou nunca vem.
O vil prospera, o justo se cansa,
a colheita da alma vira desdém.

A tal “lei da semeadura”...
quem a escreveu não viu Babilônias.
Nem os altares erigidos com cadáveres,
nem as coroas feitas de mentira.

Então, o que vale?
Talvez e só talvez a consciência.
Não a paz dos justos, mas o sono dos íntegros,
o silêncio que não esmaga, mas liberta.

Viver com a alma limpa é revolução.
Ser bom em um mundo torpe é heresia.
Mas ainda assim, escolho a lucidez,
a honra que ninguém vê, mas arde
como fogo secreto, inextinguível.

Se não colho o que planto,
é porque o solo do mundo é podre.
Mas minha semente, ah...
ela é de ouro. E arde no tempo.

 

30 de junho de 2025

O Fim Sempre Chega



Chega sem aviso, como quem parte calado,
sem deixar bilhete, sem aceno no portão.
O fim não pede licença, entra gelado,
traz nas mãos o gosto amargo da negação.

É triste ver amores que já foram céu
transformarem-se em ruínas, em poeira de memória.
Amizades viram sombras num papel,
linhas borradas no diário de uma história.

Há quem vá por escolha, há quem vá por covardia,
há quem suma na curva da mentira.
Uns traem, outros apenas esfriam por dia,
até que o silêncio inteiro os retira.

O pior não é o fim, mas o abandono lento,
a ausência que cresce sem um som,
o amor que antes era firmamento
e hoje nem sequer responde o tom.

A despedida dói mais quando é incerta,
quando o último olhar não teve nome.
É duro ver a porta ainda aberta
e saber que quem partiu já não te consome.

Intimidades viram armas em mãos frias,
segredos compartilhados viram punhais.
A confiança, antes cheia de alegrias,
hoje jaz em sepulcros emocionais.

Mas o fim... o fim sempre vem,
em cartas não escritas, em jantares sem brinde,
em corpos presentes mas olhos que não veem,
no "pra sempre" que se torna um "ainda bem que finda".

Porque tudo tem tempo, tem ciclo, tem chão,
e quem já foi casa pode virar tempestade.
Aceita-se a dor, abraça-se a solidão,
pois até na perda mora alguma verdade.

Que venham os finais, com sua foice fina,
com seus cortes que ensinam e ferem.
Ainda que o amor morra em esquina,
os que ficam, vivem. Mesmo quando perecem.



25 de junho de 2025

A poesia dos meus defeitos, ou Retratos da minha personalidade - Fragmentos do EU.



Carrego em mim um abismo calado,
Niilismo vestido de homem cansado.
Vejo o mundo sem véus nem mentiras,
Mas às vezes me afogo nas próprias retinas.

Sou castelo erguido na rocha da dor,
Orgulho de mármore, com rachaduras de amor.
Minha mente é uma lâmina afiada demais,
Que fere a mim mesmo em silêncios brutais.

Autossuficiente até demais para pedir socorro,
Prefiro morrer em pé do que viver de desafogo.
Meu controle é um cárcere de vidro e razão,
Um trono vazio dentro do meu coração.

Intelecto em chamas, ego mascarado,
Um sábio que às vezes fala calado.
Cobro do mundo aquilo que nem dou,
E sangro verdades que o tempo calou.

Sou intensidade que nunca relaxa,
E carrego no peito uma eterna ameaça:
De não saber ser leve, de não saber ser pouco,
De ser tempestade mesmo quando estou rouco.

Idealizo o amor como um livro sagrado,
E me frustro ao ver que o outro é falho e cansado.
Exijo perfeição do humano imperfeito,
E me afasto, soberbo, ferido no peito.

Rancores antigos moram nos meus ombros,
Memórias cortantes que não caem aos escombros.
E mesmo que o tempo queira me curar,
Revivo traições só para não me entregar.

Sou um general de batalhas internas,
Construo muralhas, destruo minhas pernas.
Mas no fundo, bem fundo, eu sei o que sou:
Um homem em guerra... que só quer um pouco de paz e amor.




Todos os textos são autoria de Giliardi Rodrigues. Proibida a reprodução de qualquer texto sem prévia autorização do autor.

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