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1 de dezembro de 2025

O Manual Delicado do Intolerável.


    


    Há erros que escorregam da mão como vidro molhado: caem, machucam, fazem barulho; mas dá pra juntar os cacos, limpar o sangue e seguir. Há desculpas que, apesar de tardias, ainda carregam o cheiro morno da humanidade. Tudo isso é tolerável, revisável, perdoável.

    Mas há escolhas que não pedem desculpa: pedem distância.

    Caráter não falha por acidente. Traição não nasce por engano. Mentira não escapa espontânea como soluço. Essas decisões são cirúrgicas, frias, calculadas o suficiente para revelar aquilo que ninguém gosta de admitir: algumas pessoas nos mostram exatamente quem são; e a única resposta digna é caminhar para longe.

    A inveja e o ciúme são sombras inevitáveis. Não são bonitas, nem nobres, mas fazem parte do terreno acidentado da alma humana. Com conversa, com tempo, com vontade, se ajeitam. São tempestades que passam.

    Já a sacanagem, a quebra deliberada da confiança, o tapa nas costas disfarçado de abraço; isso não se conserta. Não há cola que grude o respeito depois dele ser cuspido no chão.

    A vida é curta demais para conviver com o que nos envenena. Tolerância não é covardia, mas insistir no intolerável é. E a lucidez cobra caro: às vezes o preço é aprender a fechar a porta com firmeza, mesmo quando o coração treme.

    No fim, é simples: o que não é recíproco, não é lar. E o que fere de propósito, não merece retorno.










30 de junho de 2025

O Fim Sempre Chega



Chega sem aviso, como quem parte calado,
sem deixar bilhete, sem aceno no portão.
O fim não pede licença, entra gelado,
traz nas mãos o gosto amargo da negação.

É triste ver amores que já foram céu
transformarem-se em ruínas, em poeira de memória.
Amizades viram sombras num papel,
linhas borradas no diário de uma história.

Há quem vá por escolha, há quem vá por covardia,
há quem suma na curva da mentira.
Uns traem, outros apenas esfriam por dia,
até que o silêncio inteiro os retira.

O pior não é o fim, mas o abandono lento,
a ausência que cresce sem um som,
o amor que antes era firmamento
e hoje nem sequer responde o tom.

A despedida dói mais quando é incerta,
quando o último olhar não teve nome.
É duro ver a porta ainda aberta
e saber que quem partiu já não te consome.

Intimidades viram armas em mãos frias,
segredos compartilhados viram punhais.
A confiança, antes cheia de alegrias,
hoje jaz em sepulcros emocionais.

Mas o fim... o fim sempre vem,
em cartas não escritas, em jantares sem brinde,
em corpos presentes mas olhos que não veem,
no "pra sempre" que se torna um "ainda bem que finda".

Porque tudo tem tempo, tem ciclo, tem chão,
e quem já foi casa pode virar tempestade.
Aceita-se a dor, abraça-se a solidão,
pois até na perda mora alguma verdade.

Que venham os finais, com sua foice fina,
com seus cortes que ensinam e ferem.
Ainda que o amor morra em esquina,
os que ficam, vivem. Mesmo quando perecem.



Todos os textos são autoria de Giliardi Rodrigues. Proibida a reprodução de qualquer texto sem prévia autorização do autor.

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