E tudo se desfaz diante dos meus olhos;
A fé, a esperança e o amor!
A religião se revelou demagoga e vazia,
A política se mostrou dominadora e ineficaz,
As pessoas que eu amava e confiava me traíram.
Sobraram apenas os escombros da crença,
As ruínas frias do que um dia foi abrigo.
As promessas viraram cinzas ao vento,
E o silêncio agora grita mais alto que qualquer clamor.
A alma antes cheia de luz agora vagueia nas sombras,
Procurando sentido entre cacos de sonhos partidos.
Cada sorriso que recebi virou máscara,
Cada abraço um disfarce para a punhalada.
A esperança? Um quadro desbotado na parede da memória.
O amor? Uma lenda contada por tolos aos seus filhos.
E a fé? Um grito que ecoa num céu surdo e indiferente.
Tudo que restou foi a verdade nua e cruel:
O mundo não é justo. Nunca foi.
A justiça é um conceito, não uma prática.
A bondade é exceção, não regra.
E o homem esse ser civilizado é só um lobo bem vestido.
Mas no caos encontrei algo mais puro:
A liberdade de não crer, de não esperar,
De não me curvar diante de deuses, líderes ou afetos vazios.
Ergui-me sobre os cacos, sangrando, mas desperto.
Não tenho certezas, mas tenho olhos abertos.
Não tenho fé, mas tenho coragem.
Não tenho amor, mas tenho lucidez.
E isso, no fim, pode ser tudo o que preciso.
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