Na metrópole viva de Belo Horizonte,
onde o concreto pulsa e o asfalto sonha,
um homem caminha entre bares e sinos,
ouvindo o silêncio no meio do som.
Milhões de rostos cruzam sua sombra,
milhares de vozes giram ao redor,
mas ele, inteiro, sente-se à parte,
não por tristeza, mas por amor.
Os bares transbordam risos ensaiados,
as igrejas elevam preces vazias,
as ruas gritam pressa, metas, metas…
e ele apenas respira, sem correria.
Durante o dia, vê olhos cegos,
focados em listas, planilhas, relógios.
À noite, os corpos dançam sozinhos,
disfarçando ausências com seus adereços.
Nas redes, as máscaras brilham mais
que os rostos por trás dos filtros.
As fotos mentem a alegria forjada,
mas ele já não compra mais sorrisos.
Foi então que abraçou sua própria ausência,
descobriu na solidão a doce morada.
A solitude; flor rara entre espinhos
tornou-se seu lar, sua estrada.
Fez da própria companhia um templo,
do silêncio, um diálogo profundo.
E ali, sem distrações nem vícios,
encontrou o universo em um segundo.
Viajou por dentro e por fora,
descobriu montanhas e cafés
onde sentar-se só era liberdade
e não sentença de ninguém.
Quando com amigos, é inteiro,
brinda o instante com coração aceso.
Mas quando a multidão o engole,
ele sorri; não está indefeso.
Pois aprendeu o que poucos sabem:
a felicidade não mora nas vitrines,
não depende de beijos, nem curtidas,
mas brota onde o espírito se afine.
Um homem só entre milhões,
e ainda assim, tão pleno, tão vasto.
Não espera que o mundo o preencha
ele mesmo se tornou o espaço.
Assim vive em BH, entre igreja e boteco,
entre morros, buzinas e promessas,
sabendo que a alma que se conhece
jamais se afoga nas pressas.
Não é amargura, é liberdade.
Não é desprezo, é maturidade.
É ter descoberto o sagrado segredo:
estar só... e não sentir saudade.
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