Visitantes

19 de junho de 2025

O Sarcasmo de DEUS, ou Ele contra si mesmo.



No princípio, DEUS cria tudo do nada,
Mas já sabia o fim — que piada.
Cria o homem com amor e primor,
Mas já planejava dilúvio e terror.

Cria Adão do barro com todo cuidado,
Depois o culpa por ser enganado.
Cria Eva da costela do coitado,
Mas pune ambos por terem pecado.

Proíbe o fruto que Ele mesmo plantou,
Sabendo que o homem cedo o provaria, show!
Coloca a serpente no meio do jardim,
Depois finge surpresa pelo que chega ao fim.

DEUS expulsa, DEUS amaldiçoa,
DEUS que tudo sabe, agora se magoa.
Cria o livre-arbítrio, mas com censura,
A primeira escolha gera censura.

Vê a Terra cheia de gente errada,
Então manda um dilúvio, obra abençoada.
Mata criança, velhinho e mulher,
Porque “justiça divina” tudo requer.

Depois promete nunca mais se irritar,
Mas já planeja cidades arrasar.
Escolhe um povo, Israel abençoado,
Mas vive punindo esse rebanho rebelado.

Pede sacrifício, sangue e fumaça,
Faz da adoração um rito de ameaça.
Manda matar povos por não crer,
Porque DEUS é amor... só pra entender.

Moisés sobe ao monte, vê a luz,
Recebe as tábuas, mas DEUS reluz.
Depois quebra tudo por idolatria,
Como se DEUS não visse aquela orgia.

Os profetas gritam: "obedece, Israel!",
Mas DEUS já sabia que daria réu.
Promete Messias, paz e redenção,
Mas manda Seu Filho para a execução.

DEUS, o eterno, nasce bebê,
Numa estrebaria, sem nada a oferecer.
Filho de virgem, claro, por sinal,
Já começa quebrando toda lógica natural.

Cresce em sabedoria, embora seja DEUS,
Aprende carpintaria, constrói alguns véus.
Jejua no deserto, tenta o tentador,
Mas sendo DEUS, qual o valor?

Anda sobre as águas, cura o cego,
Multiplica pão, faz o grande ego.
Mas chora, sofre e ora em aflição,
Pedindo a DEUS outra solução.

Ora a Si mesmo? Implora clemência?
Sabe o plano, mas sofre com urgência.
Sangra suor, lágrimas de dor,
Mesmo sendo DEUS e o puro amor.

É traído por Judas, amigo e irmão,
Cumprindo profecia, mas com frustração.
É preso, julgado por um tribunal,
Criado por Ele, que coisa brutal.

É cuspido, açoitado e zombado,
Por gente que DEUS mesmo havia moldado.
Pendurado num madeiro em horror,
Clama: “DEUS meu!” — drama de autor.

DEUS abandona DEUS no alto da cruz,
Mas continua sendo um com DEUS, que nos conduz.
Morre, desce ao Hades em missão secreta,
Prega aos mortos — agenda completa.

Ressuscita a Si mesmo no terceiro dia,
Vence a morte com maestria.
Sobe aos céus, senta ao lado de DEUS,
Que é Ele mesmo — confuso, não é? Pois é.

Promete voltar num cavalo de glória,
Mas demora milênios pra mudar a história.
Enquanto isso, salva quem crê,
Mas condena quem, por lógica, duvidar de ver.

DEUS que te ama, mas te lança no fogo,
Caso questione ou saia do jogo.
Diz que perdoa, mas com cláusula extra,
Aceite o Filho, senão já era a festa.

Deus-Justiça, DEUS-Misericórdia, DEUS-Paixão,
Três em um, uma só salvação.
Advogado, juiz e carrasco no final,
Amor eterno com cláusula condicional.

Proíbe a dúvida, prega o temor,
Enquanto exige que creiamos por amor.
Não se prova, mas exige fé,
Senão, o inferno é seu café.

E assim segue o ciclo da revelação:
Criação, queda, salvação e punição.
Um DEUS que tudo é, mas tudo esconde,
E no fim, só compreende quem responde.


Mas diga, leitor, sem medo ou véu:
Como pode um DEUS ser 
e ter todas as características daquilo que não existe no céu?



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Todos os textos são autoria de Giliardi Rodrigues. Proibida a reprodução de qualquer texto sem prévia autorização do autor.

Powered By Blogger