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16 de junho de 2025

A Tristeza Tem Nome: Traição





No meio do peito havia um fio.
Um fio de ouro chamado amizade.
Brilhava discreto, não fazia alarde.
Mas sustentava o peso do mundo.

Havia um pacto não escrito.
De olhares que diziam tudo.
De presenças que valiam mais que promessas.
E então… veio a faca.

Traição é palavra suja
mas não nasceu com o barro.
Nasceu no olhar enviesado
de quem vê lucro onde havia afeto.

Há quem traia por fome.
Fome de poder, de carne, de ego.
Outros traem por esporte,
por impulso, por costume de enganar.

A culpa não mora em quem foi traído.
Este apenas chorou.
A culpa é de quem rasgou o próprio nome
num papel que dizia: lealdade.

Amizade é plantio longo.
Regado de silêncio e partilhas.
Mas basta um gesto torto
e tudo vira pó, vira mágoa.

Alguns cobrem a mentira com fé.
Beijam altares, mas mentem à mesa.
Rezando de joelhos, esquecem
que Deus é mais ouvido na consciência.

A fidelidade é um cão velho,
não late, mas guarda.
Não precisa mostrar dentes
para manter a dignidade da casa.

Quem trai perde algo que não sabe:
a honra secreta de ser inteiro.
Pois mesmo sem castigo terreno,
o espelho cobra seu tributo diário.

E quem foi traído?
Chora, sim.
Mas depois lava a alma,
caminha em frente com menos bagagem.

Ressignificar é verbo de sobreviventes.
É arrancar do peito a flecha
e fazer dela caneta.
Escrever uma nova história, sem veneno.

Aprende-se que nem todos têm alma nobre.
Alguns têm alma em liquidação.
Trocam respeito por minutos
de prazer ou vantagem vã.

A lição é dura,
mas límpida como manhã sem nuvem:
a lealdade é joia rara.
E quem a perde… empobrece.

No fim, resta a escolha:
amargar ou aprender.
Ser igual ou maior.
Traído ou resiliente.

Porque o traidor carrega consigo
o peso da própria ausência.
Mas quem ama, mesmo ferido,
segue inteiro e livre.




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