“- Os advérbios são sempre mentirosos...” Me disse um amigo
psicanalista. Então passei a desconfiar. Quero dizer, se ela diz: “- Te amo
muito”, o muito aí é suspeito. O problema é porque ninguém quer acreditar
nisso, nem mesmo o próprio emissor. - Mas como? Eu disse: “eu te amo muito,
MUITO, MUITO...”.
Por quê? Irás me perguntar. Porque é indubitável, axiomático
e irrefutável. É próprio do verbo ser marcado pelo inacabamento, que o próprio
sustenta. Como existe esse inacabamento, é preciso dizer: muito, quero dizer:
Loucamente, Terrivelmente, Apaixonadamente. Mas esse muito vem te lembrar,
evidentemente, aquilo que ela tenta preencher, completar ou compor.
Crupiê (...).
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