Sou um pobre homem
Cego, nu e idiota.
A minha sina é malograr (...).
Sou da laia dos bastados,
Dos pecadores,
Dos indignos de abrangência.
Sou um verme sem ideologia,
Sem futuro
E sem vontade de mudar.
Como um servo sem dono,
Sou narcisista e me garanto.
Sou do partido de Cristo,
Coxo, doente, sujo e consciente.
Sou o filho prodigo
Que prostituiu nos provérbios
De Salomão e nos salmos de Davi.
Como uma tese sem profundidade
Sou anágua,
sou o sofisma da verdade.
Sou um homem pleno
No cavo do prazer.
Como um anjo sem prestigio,
Sou uma joia rara sem valor.
Não reclamo da vida,
Aceito meu destino como fruto das minhas escolhas.