Textos, contextos, pretextos, poemas, teoremas, canções, crônicas, salmos, cartas, estórias, teorias, poesias, provérbios, pensamentos, fantasias, direito, filosofia, teologia, sentimentos, versos, reversos, reflexões, intuições, orações, manuscritos, delírios, suspiros, memórias, ensaios, confissões, juramentos, mistérios, segredos, epopeias, tragédias, elogios, critérios, discursos, manifestos, declarações, insights, profecias, ensinos, alegorias, murmúrios, clamores e questionamentos.
Visitantes
23 de julho de 2025
Se Deus Não Existir
15 de julho de 2025
A lei da semeadura é mito
9 de julho de 2025
São o que São
As pessoas são o que são nuas de enfeite,
Sem os véus que pintamos em nossa ilusão.
Não há máscara que dure, nem alma que aceite
Ser moldada ao capricho da nossa projeção.
Criamos castelos com base em silhuetas,
Imaginamos virtudes onde só há razão,
E ao fim, tropeçamos nas mesmas canetas
Com que escrevemos contos sem chão.
O caráter não dança ao som do desejo,
Não muda por toque, carinho ou ardor.
É raiz silenciosa, sem disfarce ou ensejo,
É verdade que existe, com ou sem o amor.
A personalidade, tal qual impressão digital,
É marca que o tempo só acentua e revela.
Não se desfaz com beijos ou ideal moral,
Nem cabe na moldura da novela mais bela.
Aceita: ninguém é sonho, ninguém é mito.
Cada qual carrega luz, sombra e vício.
Faz-se sábio quem olha com olhar mais limpo,
E deixa de lado o delírio fictício.
Expectativa é a mãe do desgosto.
Fantasia, o pai do abismo emocional.
Se queres paz, encara o oposto:
Vê o outro como é humano e real.
2 de julho de 2025
Quando Amar Vira Obrigação: O Cansaço Invisível do Homem no Relacionamento.
30 de junho de 2025
O Fim Sempre Chega
Chega sem aviso, como quem parte calado,
sem deixar bilhete, sem aceno no portão.
O fim não pede licença, entra gelado,
traz nas mãos o gosto amargo da negação.
É triste ver amores que já foram céu
transformarem-se em ruínas, em poeira de memória.
Amizades viram sombras num papel,
linhas borradas no diário de uma história.
Há quem vá por escolha, há quem vá por covardia,
há quem suma na curva da mentira.
Uns traem, outros apenas esfriam por dia,
até que o silêncio inteiro os retira.
O pior não é o fim, mas o abandono lento,
a ausência que cresce sem um som,
o amor que antes era firmamento
e hoje nem sequer responde o tom.
A despedida dói mais quando é incerta,
quando o último olhar não teve nome.
É duro ver a porta ainda aberta
e saber que quem partiu já não te consome.
Intimidades viram armas em mãos frias,
segredos compartilhados viram punhais.
A confiança, antes cheia de alegrias,
hoje jaz em sepulcros emocionais.
Mas o fim... o fim sempre vem,
em cartas não escritas, em jantares sem brinde,
em corpos presentes mas olhos que não veem,
no "pra sempre" que se torna um "ainda bem que finda".
Porque tudo tem tempo, tem ciclo, tem chão,
e quem já foi casa pode virar tempestade.
Aceita-se a dor, abraça-se a solidão,
pois até na perda mora alguma verdade.
Que venham os finais, com sua foice fina,
com seus cortes que ensinam e ferem.
Ainda que o amor morra em esquina,
os que ficam, vivem. Mesmo quando perecem.
25 de junho de 2025
ENCONTRO — A OBRA DO AMOR
Não creio em sorte, nem em destino,
Nem em almas gêmeas cruzando o caminho.
Acredito no toque, no gesto contínuo,
No querer sincero que vence o espinho.
Relacionar não é conto de fada,
É sangue, suor, alma rasgada.
É relar feridas, curar com carinho,
É crescer juntos no mesmo ninho.
Não é magia, é engenharia,
Não é poema, é carpintaria.
Dois corpos distintos, dois pensamentos,
Lapidando afetos em pequenos momentos.
Não é ter tudo em comum e igual,
É amar até o que faz mal.
É saber ouvir no meio do grito,
E calar na hora do conflito.
É saber que o outro não é espelho,
Mas universo inteiro sob outro conselho.
E mesmo assim, estender a mão,
Construir com tijolo e coração.
Não é metade da laranja escolhida,
É fruta inteira, rústica, sentida.
É dividir o sumo, o bagaço e o gosto,
É brindar o amor mesmo quando é desgosto.
É entender que amar é arte bruta,
Feita de erro, de falha, de luta.
Mas se há respeito e entendimento,
Dois viram templo, viram fundamento.
Relacionar é verbo que exige ação,
É plantar a paz na contradição.
É unir propósitos sem fusão de alma,
E aprender a dançar com a calma.
Porque amar, no fim, não é destino nem acaso,
É encontro sincero no meio do atraso.
É construir, tijolo por tijolo, a ponte e o lar,
E todos os dias… decidir ficar.
A poesia dos meus defeitos, ou Retratos da minha personalidade - Fragmentos do EU.
Carta de Perdão aos que passaram pelo meu caminho
A todos que, de alguma forma, cruzaram minha jornada e guardam feridas visíveis ou não causadas por mim, venho com sinceridade despir a alma diante do tempo.
Peço perdão.
Perdão às pessoas que decepcionei com minhas escolhas, palavras ríspidas, silêncios mal explicados ou atitudes impensadas. Perdão aos que confiaram em mim e eu, por egoísmo, cansaço ou confusão, trai essa confiança. Perdão aos que foram bons, generosos, leais e não tiveram a devida reciprocidade. Aos que me estenderam a mão e eu não soube segurar. Aos que me ofertaram amor, tempo e cuidado, e eu não valorizei como deveria.
Peço perdão às amizades que se tornaram ruínas, não por ódio, mas por desencontros e por minha incapacidade de sustentar vínculos quando minha alma gritava por mudança. Precisei me afastar para sobreviver, para reencontrar quem sou, mas isso não anula as feridas causadas por minha ausência.
Peço perdão a cada mulher que passou pela minha vida e encontrou em mim algo que não pude sustentar. Não me orgulho dos desencontros, dos afetos interrompidos, das promessas não cumpridas. Se amei mal, se parti corações, se fui egoísta, perdoem-me.
Peço perdão, também, àqueles que me feriram. Aos que mentiram, traíram, rejeitaram. Aos que partiram sem olhar para trás. Não peço desculpas por me machucar, mas por talvez não ter conseguido corresponder às expectativas, por não ter sido a pessoa que esperavam. Perdoar vocês é me libertar de mim mesmo. Não guardo mágoas, só lições.
Mas, sobretudo, peço perdão a mim.
Por todas as vezes que me abandonei tentando agradar. Por todas as vezes que fugi do espelho, com vergonha de quem me tornei. Por todas as vezes que cobrei demais e amei de menos quem eu era. Por ter cultivado culpas em vez de plantar consciência. Hoje, decido me amar. Decido me perdoar. Não para me eximir, mas para evoluir.
Não escrevo esta carta para buscar pena. Não sou vítima, nem algoz. Escrevo porque preciso romper com os grilhões invisíveis do passado. Preciso respirar fundo e caminhar sem carregar o fardo das culpas, nem as desculpas que nunca recebi. Peço perdão porque quero ser livre. Porque só perdoando posso reconstruir por dentro e por fora.
A quem quiser acolher esse pedido, que o faça em seu tempo, ou que apenas guarde em silêncio. Não espero absolvição.
Espero cura.
24 de junho de 2025
Quando o nada tem muito a dizer
Aceita um café?
Desde os primórdios o mundo é estranho, as pessoas parecem caminhar em círculos e ao mesmo tempo de forma aleatória… como se obedecessem a uma coreografia escrita por um roteirista bêbado. As ruas continuam lá, mas não levam a lugar algum. Os rostos? Familiares demais para serem desconhecidos… estranhos demais para serem lembrados.
Você percebe isso também, não é? O relógio na parede nunca marca a hora exata. Ele atrasa… mas só quando você precisa que adiante. E quando bate meia-noite, escuta? É como se o tempo segurasse o fôlego por um segundo — só pra lembrar que ele está vivo.
Não se assuste com o som da porta rangendo. Ela sempre faz isso, principalmente quando ninguém a tocou. A casa tem seus próprios hábitos. Gosta de ouvir conversas vazias, monólogos dispersos, palavras ditas por dizer. Ela se alimenta disso. Do silêncio cheio de sons que só ouve quem não tem nada a dizer.
Outro café?
O mais curioso é que ninguém sabe exatamente o que estamos fazendo aqui. Estamos todos sentados à mesa de um jogo sem regras claras, mexendo peças que nem sabemos se são nossas. Já parou pra pensar que talvez tudo isso seja um ensaio? Uma primeira leitura? E que, na hora da estreia, talvez você nem tenha falas?
Às vezes penso que estou num sonho de alguém que me esqueceu no fundo da mente. E você... você parece ter consciência demais pra ser só uma invenção. Ou seria exatamente isso o que uma invenção pensaria?
20 de junho de 2025
O Coração das Palavras: Uma Confissão Atemporal
Ao Amor Que Chegou Quando Desisti.
Procurei por ti, amor,
nas entrelinhas das canções,
nos goles de vinho que bebi sozinho,
nas esquinas do mundo, nas multidões,
em silêncios longos que gritavam por sentido.
Beijei bocas procurando tua essência.
Toquei corpos buscando tua presença.
Passei noites em claro escrevendo versos
que talvez um dia você lesse
mas você não vinha...
Fiz de olhares promessas,
de abraços, refúgios falsos.
Confundi paixão com permanência,
e me perdi em tantas tentativas
de reconhecer em alguém
aquilo que eu mesmo duvidava existir.
Até que deixei de procurar.
Desisti, não com tristeza,
mas com a paz de quem se rende
ao que não se fabrica.
E foi nesse exato instante que você chegou.
Chegou como quem não quer nada,
mas era tudo.
Me amou sem perguntas,
me escutou sem querer mudar meu tom,
me acolheu sem inventar um roteiro.
Você não me completou.
Me ampliou.
Foi mais que metade:
foi espelho,
foi espanto,
foi alívio.
Agora entendo:
o amor não vem quando a gente chama.
Vem quando a gente cala.
Ele não exige,
ele se apresenta.
E às vezes…
é no fim da estrada
que começa a caminhada certa.
Obrigado por ter vindo
quando eu já não te esperava.
Porque agora,
cada dia ao teu lado
é a poesia que um dia
eu sonhei escrever.
Um Homem Só no Meio da Multidão, ou A Poesia da Solitude em Belo Horizonte.
19 de junho de 2025
Entre Diamantes e Destinos, ou Amizades & o Tempo.
Amizade é barro antigo que o tempo esculpe com dedos de eternidade.
Não nasce pronta: germina em silêncios partilhados,
em olhos que se entendem sem palavras,
e cresce no terreno fértil da confiança,
Há quem chame de sorte,
Não se compra, não se mendiga, não se exige — conquista-se com inteireza e verdade.
Enquanto os amores ardem e se apagam como fogueiras de São João,
a amizade cintila como estrela antiga: luz constante em noite escura.
Mais que um irmão de sangue, é o irmão de escolha, de afeto sem cláusulas,
de ombro onde repousa o cansaço e de riso que estoura quando a dor quer calar.
É a mão que não solta quando o mundo gira ao avesso.
O tempo, escultor paciente, é quem lapida os vínculos verdadeiros.
Com ele, as arestas se tornam encaixes e os desencontros, aprendizados.
Como o diamante que só brilha após a pressão,
as amizades genuínas revelam-se após a prova do tempo.
São ouro de mina, relíquia que não se acha em toda esquina.
A honestidade é sua fundação
sem ela, desaba o edifício mais ornamentado.
Lealdade é seu alicerce: firme, mesmo nas tempestades mais amargas.
E o respeito é a moldura invisível que preserva o quadro do afeto intacto.
Cada gesto, palavra ou silêncio carrega a poesia da confiança mútua.
São mais sublimes que muitos amores passageiros,
porque não cobram juras, apenas presença sincera.
São mais preciosas que alguns irmãos,
pois nascem do vínculo eleito, e não da obrigação herdada.
Na amizade verdadeira, não há papel de protagonistas — há simetria.
Quantas vezes o amigo foi pássaro a cantar nos telhados da minha tristeza?
Quantas vezes foi cais quando fui barco perdido no nevoeiro?
E quando o mundo parecia ruir em cinzas,
lá estava ele: fogo baixo aquecendo meu inverno.
É poesia em forma de pessoa — verso vivo de reciprocidade.
A amizade é um pacto tácito entre almas que se reconhecem
num mundo onde tantos se mascaram.
É o antídoto para a solidão do século,
o abrigo que resiste às estações e às decepções do existir.
Quando o amor parte, a amizade fica. Quando a esperança morre, ela a enterra de mãos dadas.
Cultivar uma amizade é como lapidar um cristal bruto:
cada erro ensina, cada acerto fortalece.
E quando, por fim, a vida se põe em crepúsculo,
restam poucos ao redor — mas os verdadeiros sempre ficam.
Pois amigo que é amigo, não é visita: é morada.
Assim, brindo aos que permanecem.
Aos que não fogem diante da dor,
aos que celebram as conquistas como se fossem suas,
e que mesmo no silêncio, dizem: estou aqui.
Pois são esses que fazem da vida um poema digno da eternidade.
O Sarcasmo de DEUS, ou Ele contra si mesmo.
O Enigma de DEUS e suas contradições, ou Suas Complexidades e Perplexidades.
DEUS cria o tempo, o espaço, o ser,
Mas entra no tempo para sofrer.
DEUS tudo vê, tudo sabe e tudo faz,
Mas se encarna num corpo que sangra em paz.
DEUS nasce de virgem, sem sêmen ou dor,
Criador da mãe que o gerou no amor.
DEUS, o eterno, viveu como um homem,
Sentiu fome, chorou, foi chamado pelo nome.
DEUS ora a DEUS com lágrimas quentes,
Temendo a cruz e os cravos ardentes.
DEUS suplica: “Afasta de mim este cálice”,
Mas DEUS responde com silêncio e análise.
DEUS sacrifica DEUS para apaziguar DEUS,
Num plano secreto entre os céus e os céus.
DEUS não quer a morte, mas a aceita calado,
Pois DEUS ordenou que fosse imolado.
DEUS, que criou a lei com Sua mão,
Morre para cumprir Sua própria sanção.
DEUS é juiz, cordeiro e altar,
A si mesmo se entrega para se justificar.
DEUS foi cuspido por sua criação,
Humilhado, nu, sem proteção.
Pendurado em dor, clama em agonia:
“DEUS meu, DEUS meu”, no fim do dia.
Mas como pode DEUS abandonar DEUS,
Se DEUS é um, não dois, nem três céus?
DEUS sente ausência, mesmo onipresente,
Morre mortal, mas é onipotente.
DEUS é enterrado, a pedra rola,
O Criador jaz mudo, sem fala.
Mas no terceiro dia, a luz resplandece,
DEUS levanta DEUS e a morte estremece.
DEUS sobe aos céus e se assenta consigo,
À direita de DEUS, Ele é Seu próprio abrigo.
Intercede a DEUS por quem DEUS escolheu,
Mas pune eternamente quem não creu.
DEUS ama a todos, com fogo e temor,
Mas lança no inferno quem rejeita o amor.
DEUS oferece graça, mas com condição,
Eterna salvação por aceitação.
DEUS é amor, mas Seu fogo devora,
Espera que O aceitem, ou destrói sem demora.
DEUS dá livre arbítrio, mas exige um “sim”,
Senão o castigo é não ter mais fim.
DEUS é espírito, mas habitou um ventre,
Eterno no tempo, presente e ausente.
DEUS não muda, mas muda o testamento,
Deus da velha aliança, agora mais lento.
DEUS conhece o fim antes do início,
Mas se decepciona com cada vício.
DEUS julga tudo, mas precisa provar,
Que a cruz foi o preço do Seu próprio julgar.
DEUS salva pela fé, mas quer obediência,
Quer obras, doutrinas, e penitência.
DEUS é simples, mas de difícil entender,
Um ser que é três, mas não pode se dividir.
DEUS é Senhor, lava os pés do traidor,
Permite o beijo que sela a dor.
DEUS é Rei, mas cavalga um jumento,
Deixa-se prender sem nenhum lamento.
DEUS é a luz que habita em mistério,
O fogo que consome e o coração sério.
É paz que guerreia, amor que castiga,
O abraço e o açoite em mesma medida.
DEUS é Pai do Filho, que é DEUS também,
E ambos enviam DEUS, que em todos vem.
Um só ser, três consciências divinas,
Insondável lógica das escrituras finas.
E se você não crê em DEUS como DEUS quis,
Não importa se foi bom, reto ou feliz,
DEUS te lança fora da Sua presença,
Pois a fé é cláusula da Sua sentença.
DEUS criou o mundo, a cruz, o inferno,
Tudo se fecha num ciclo eterno.
DEUS venceu a si mesmo no calvário,
Num drama divino, cruel e necessário.
E a humanidade assiste, perplexa e pequena,
A um DEUS que é drama, amor e condena.
Um DEUS que se mata para se aplacar,
E exige do homem apenas… crer e amar.
O Paradoxo de Deus, ou Deus em crise refutando a si mesmo - A Decadência da Teologia.
DEUS, o ser absoluto, cria tudo com um sopro, mas decide nascer como homem para agradar a Si mesmo. DEUS se torna carne, mas continua sendo DEUS, enquanto ora a DEUS. DEUS, que é Pai, gera DEUS, que é Filho, e ambos coexistem com DEUS, o Espírito; um só DEUS em três, três em um, sem ser três deuses. DEUS, que tudo sabe, desce à Terra para aprender o que já sabia. DEUS, que tudo pode, sente fome, cansaço e medo da cruz.
DEUS, que governa o universo, é preso por soldados que Ele mesmo criou. DEUS é cuspido no rosto e açoitado, mas não reage, pois é necessário que DEUS morra para satisfazer a justiça de DEUS. DEUS, o justo, pune DEUS, o inocente, para não punir a criação rebelde que DEUS fez à Sua imagem. DEUS é sacrificado por DEUS para que DEUS possa perdoar sem quebrar suas próprias leis.
DEUS clama do madeiro: “DEUS meu, DEUS meu, por que me desamparaste?” Mas Ele é DEUS. DEUS se sente só, mesmo sendo onipresente. DEUS sangra por amor, mas sua morte foi planejada por DEUS desde o início. DEUS é sepultado, desce ao Hades e prega para os mortos. No terceiro dia, DEUS ressuscita DEUS e DEUS ascende aos céus para se sentar à direita de DEUS.
DEUS reina, mas ainda intercede por nós diante de DEUS. DEUS é advogado e juiz no mesmo tribunal. DEUS oferece a salvação como presente, mas pune eternamente quem não aceita. DEUS ama incondicionalmente, mas sua graça tem condições. DEUS, que é amor, criou o inferno — e nele lançará os que não crerem que DEUS morreu para agradar DEUS.
DEUS é eterno, mas teve mãe. DEUS é soberano, mas foi tentado. DEUS conhece o futuro, mas se decepciona. DEUS não muda, mas age diferente na nova aliança. DEUS é espírito, mas assume forma humana. DEUS é invisível, mas apareceu em forma de servo. DEUS é santo, mas conviveu com pecadores. DEUS é perfeito, mas sofre na cruz.
DEUS salva pela fé, mas exige obras como prova. DEUS julga corações, mas institui doutrinas externas. DEUS habita no coração do crente, mas exige templos. DEUS que está em todo lugar, mas desce em cultos específicos. DEUS é simples, mas incompreensível. DEUS é luz, mas habita em mistério.
DEUS é Senhor, mas lava os pés de servos. DEUS é soberano, mas espera ser aceito. DEUS é imutável, mas altera pactos. DEUS, que é vida, morre. DEUS, que é justiça, assume a culpa. DEUS, que é liberdade, exige submissão absoluta.
Este é o mistério da fé: DEUS que ora a DEUS para que a vontade de DEUS se cumpra, mesmo que DEUS tema o plano de DEUS. DEUS se entrega a DEUS para salvar da ira de DEUS aqueles que DEUS amou antes de criar o mundo. E se você não crer nesse DEUS, DEUS que é Filho, Pai e vítima — então DEUS te lançará fora da presença de DEUS por rejeitar DEUS.
17 de junho de 2025
A Flor da Ingratidão, ou Também amar é ser ferido.
Sim, eu vi…
Você deu tudo de si.
O tempo, o riso, o ombro, o pão.
Ofereceu o que tinha e o que não cabia no bolso,
mas transbordava da alma.
E no entanto,
vieram os dentes onde esperava abraços.
Vieram os olhos tortos onde plantou sinceridade.
Veio o silêncio frio onde habitava sua ternura.
A tragédia da ingratidão não é o esquecimento,
mas a perversão da memória.
Porque não apenas esquecem o que você fez,
mas distorcem o que você foi.
Hoje te aplaudem,
amanhã te apedrejam
e, ironicamente, pelo mesmo gesto.
A mão que salvou também assusta.
O amor que cura também incomoda.
O ingrato não é aquele que não retribui,
é aquele que transforma o bem em suspeita.
É aquele que te olha com o mesmo olhar
com que um lobo observa a mão que alimenta.
Faça o bem e serás criticado por querer parecer santo.
Fale a verdade e será odiado por não ser cúmplice.
Dê amor demais e dirão que é carência.
Afaste-se e dirão que é orgulho.
Se fores gentil, te chamarão de falso.
Se fores direto, te acusarão de rude.
Se fores forte, dirão que és autoritário.
Se fores frágil, rirão da tua fraqueza.
O mesmo sol que aquece, queima.
O mesmo rio que irriga, inunda.
O mesmo coração que ama, apodrece quando pisado.
E então você aprende…
Que não importa o quanto se esforce,
você será lido com os olhos dos outros.
E olhos, meu caro, não são espelhos.
São prismas distorcidos de mágoas não suas.
Mas ainda assim; faça.
Ame, mesmo que cuspam.
Ajude, mesmo que esqueçam.
Perdoe, mesmo que zombem.
Porque a alma que serve não o faz por resposta,
mas por essência.
E é aí que a ingratidão revela sua beleza oculta:
ela não destrói o valor do gesto,
apenas revela o vazio do recipiente que o recebeu.
E no fim, lembre-se:
Alguns te amarão pelo que és.
Outros te odiarão pelo mesmo motivo.
Mas tua missão não é ser aceito.
É ser inteiro.
Todos os textos são autoria de Giliardi Rodrigues. Proibida a reprodução de qualquer texto sem prévia autorização do autor.