Ele não nasceu forte; foi a dor quem o esculpiu.
Cresceu entre ausências, onde o silêncio gritava mais alto que qualquer conselho.
Aprendeu cedo que o mundo não perdoa os fracos, mas também não abraça os fortes.
A vida o tomou pela mão com dedos de ferro e o arrastou por vales escuros, sem mapa, sem luz, sem promessas.
Era um menino perdido num mar de impossibilidades, até que aprendeu a nadar em suas próprias lágrimas.
A fome o ensinou sobre desejo. A perda, sobre valor. A solidão, sobre caráter.
Seu coração virou armadura; sua alma, trincheira.
Não decorou frases prontas — escreveu suas próprias doutrinas no mármore da experiência.
Homem de palavra, mesmo quando o mundo mentia.
Homem de silêncio, quando as palavras não podiam salvar.
Homem de fé, mas não daquela que espera — da que levanta e constrói.
Conheceu o amor, sim, mas desses que vêm para ensinar e vão embora sem dizer adeus.
Leu mais do que falou. Amou mais do que pôde.
Carregou em si mil teses — sobre a justiça, sobre Deus, sobre o tempo.
Foi pai de ideias, filho da dor e irmão da esperança.
Tinha fome de mundo, mas apetite por justiça.
Fez de cada cicatriz um livro sagrado.
De cada rejeição, um portal para o autoencontro.
Não buscava aprovação — buscava propósito.
E encontrou em si mesmo um universo que ninguém nunca tentou explorar.
Alguns o chamaram de frio. Outros, de gênio.
Poucos o compreenderam. Muitos o julgaram.
Mas ele seguiu… um passo após o outro…
Entre ruínas e vitórias, com olhos firmes no horizonte e os pés no chão que arde.
De vez em quando, sim, se deixava levar pelo prazer.
Pecava com a lucidez de quem sabe o preço.
Caía de olhos abertos, pois não era santo, mas era inteiro.
Sua maior virtude era não esconder seus demônios — conversava com eles.
Hoje, ele caminha só, mas não está perdido.
Carrega um arsenal de experiências e uma biblioteca viva de pensamentos.
Não precisa de palco — basta-lhe a estrada.
Porque ele não quer ser admirado. Quer ser compreendido.
E se você o encontrasse hoje, talvez não o reconhecesse.
Mas sentiria, no olhar, o peso do que só os grandes suportam em silêncio.
Não peça que ele se explique. Apenas pergunte, com honestidade:
Você teria suportado o que ele viveu sem se tornar alguém pior?