Pelo excesso de passado – Depressão
Pelo excesso de presente – Stress
Pelo excesso de futuro – Ansiedade
No auge da minha fragilidade pude desfrutar de tudo que há
de pior neste mundo. Sofri e quase morri pelos os excessos que vivi. Afundei-me
em um abismo e quando me dei conta - já estava no inferno. O desgosto a flor da
pele. Havia perdido toda a percepção de ser e principalmente a expectativa de
viver. Indubitavelmente meus dogmas foram todos dissolvidos em tese sem
fundamentos, me afoguei em um lamaçal de desorientação de sentimentos e também
Já não havia mais razões para se perder.
A vida me permitiu acumular tristezas, raiva, magoas,
dividas, angustias, culpa e solidão. Não há nada pior para um homem que isso. A
morte batia todos os dias na minha porta e me chamava para partir com ela. Não
havia mais harmonia do meu espírito com existência. Obviamente, já não tinha
mais força para lutar e tão pouco para me defender. Todo o vigor, virilidade,
masculinidade, racionalidade e personalidade se dilacerava a medida que o tempo
passava. Nunca havia passado por um momento com este, talvez por isso não
soubesse como lhe dar com a situação. Chorava lagrimas de sangue de dia e de
noite. Até hoje não consigo apontar o ponto central ou a raiz de todo este mal.
Fui tragado pela aflição de viver uma vida que não era minha, de me comprometer
e nunca fazer. De prometer e desmentir.
O passado me assombrava e a todo o momento me vinha a tona a
sensação que não conseguiria sair daquela torturante e eterna situação. Já não
tinha prazer em viver, o stress manchava e deixava marcas por todo o meu corpo.
A cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento. Talvez nunca já se viu
homem passar e acumular tanta infelicidade ao mesmo tempo. O pior era que eu
ainda internalizava toda essa dor. Era tanta carga negativa que qualquer coisa
boa que se aproximava se repelia por si só.
Não conseguia me libertar do passado, me via encurralado e
sem soluções para as adversidades do presente e ainda vivia de ansiedade
sofrendo por aquilo que poderia nunca acontecer. Tranquei-me dentro de um
abismo sem chaves e sem saída. Um homem de dura cerviz jamais confessaria seus
pecados, admitiria seus erros e tão pouco aceitaria qualquer tipo de ajuda.
Sofria, mas não me rendia por nada. Estava quebrado, mas meu coração de pedra
não se quebrantava. Não havia espaço para sentimentalismo ou coisas do tipo.
Carregava todo este peso, pois acreditava de alguma maneira ter virtude em
estar errado e suportar a dor.
Pobre e miserável homem que sou. Tive que experimentar o
gosto do sangue para aprender a valorizar a vida. Perdi tudo para entender que
é mais importante ser do que ter. Admitir pecados é mais nobre que camuflar a
culpa. Que todo excesso de expectativas era na verdade uma maneira de não
acreditar e ser refugiar na decepção. O dolo não é algo necessário para que
seja levado com orgulho para o resto da vida. Adversidades e perversidades são
cabíveis a nossa realidade. Contudo, não cabia me condenar a escravidão da
eternidade no vale das trevas. Tive que abandonar velhos hábitos e renunciar
todo o meu orgulho para aprender a viver a liberdade. Que o gozo da alegria
poderia fazer parte da minha vida caso eu aceitasse a ser mais humilde, manso e
puro de coração. Permitir-me esvaziar do meu eu e de todo carga negativa para
conhecer e desfrutar da paz que excede todo o entendimento dentro do meu
coração.
O que era mito ou impossível se tornou realidade. Fui ao
inferno, beijei a face de satanás e voltei mais forte para combater o mal.
Olvidei o meu passado de angustia e aflição. Abri mão de controlar o meu
presente e passei a aceitar como gratidão o futuro que ainda não me pertence. O
fracasso foi necessário para me ensinar que ainda não sou nada, mas que posso
ser e fazer diferença. Hoje compreendo que todos os dias me é oferecido o bem e
o mal, porém me cabe escolher a melhor parte.
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