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16 de outubro de 2016

Quando me desfaço, ou me disfarço.






Ultrapasso-me nos meus próprios passos
Construo, evoluo e me desfaço.
Sou uma espécie de homem de carne
Com os nervos de aço.
Não acredito no destino,
Tão pouco nas obras do acaso.
Ainda desafinado e sem compasso
Sigo firme; sem medo do fracasso.
Galgando “passo a passo”
Na perspectiva de um sonho já escasso.
Dizem que não existe nada melhor que um abraço
E nada mais engraçado que um palhaço.
Mas a coisa que mais me engraço
É o uma desejo ao qual me entrelaço. 








13 de outubro de 2016

50 tons de cinza, ou entre o céu e o inferno - e quem sabe, de outra maneira.



 



Por que finalidade tenho que ser bom? Qual o motivo pelo qual tenho que ser honesto, justo e verdadeiro? Que beneficio tenho eu nestas virtudes? Por acaso faço estas coisas por obrigação ou vontade própria? Sou por ventura sou autônomo no universo ao ponto de ser e fazer o que me dá na telha? Será que fujo de praticar o mal por medo de ir para o inferno ou pratico o bem com o objetivo de alcançar o paraíso? Que certeza posso ter destas coisas depois da morte? Será que no céu só existem pessoas boazinhas e no inferno pessoas malvadas? Volto a perguntar; será? O me garante que não é somente esta vida e nada mais? Por que existem pessoas boas que só se dão mal e pessoas más que só se dão bem? Por que grande parte das pessoas boas morrem e antes passam grandes tribulações? Não seria a vida injusta com relação a isso? Por que tantas perguntas sem resposta e tantas respostas que não respondem estas perguntas?

Agora falo por mim:

Ora, não me interessa se vou para o inferno ou para o céu. Não me cabe negociar minhas atitudes para conseguir algo em troca. Não vejo nenhuma virtude em ser bom para simplesmente agradar alguém – entendo isso como hipocrisia. Por outro lado, não tenho prazer em praticar o mal meramente para levar vantagens ou me beneficiar em alguma situação. Se faço o bem ou o mal é porque isso é uma característica inata à condição humana. Embora alguns entendam que o livre-arbítrio é direito de escolher entre o bem e o mal, não vejo e não compreendo desta forma. Na minha concepção o livre-arbítrio seria a opção de ter outra escolha fora o bem e o mal. Ter apenas duas opções não me dá liberdade de alternativa. Pois entre o preto e o branco – existem centenas de tons de cinza. Entre o sim e o não – existem outras possibilidades. Entre o numero “1” e o “2” – existem centenas de milhares de outros algarismos. Mas por que no bem, no mal, no céu e no inferno não existem outras possibilidades? 

Se não existir outras perspectivas, eu abro mão da minha condição de escolha e acato a minha natureza de humano que em determinados momentos erra e acerta. Contudo, não faço isso por escolha, mas porque foi determinado a minha consciência desta maneira.

Não acredito no livre-arbítrio,
Não sou escravo do destino,
Não sou manipulado pelo o diabo,
E Tão pouco obediente a “deus”.
Não vou para o inferno
E não quero ir para o céu.

Agora só me resta viver enquanto houver fôlego
E morrer quando assim for. 







5 de outubro de 2016

Um dia quem sabe (...).




Já compus versos e reversos, textos e pretextos, cantei cantigas no crepúsculo e na aurora do amanhecer – mas poeta nunca pude ser.

Já li e reli toda a bíblia, me debrucei nos evangelhos, destrinchei as cartas de Paulo, debati com os profetas, compreendi Moises, me identifiquei com Davi – mas a teologia nunca entendi.

Já me entreguei à filosofia, a teses e explicações sem fim. Estudei Platão, Aristóteles, Sócrates, Descartes, Kant e Espinoza – Mas seria com Nietsche meu dedo de proza.

Já amei e fui amado, me deslumbrei e fui decepcionado. Já fiz milhões de promessas e estive apaixonado – mas nunca me vi casado.

Já fui empresário e jogador de futebol, já viajei pelo o Brasil em muitas cidades, conheci centenas de pessoas e lugares – mais ainda não terminei minha coleção de exemplares.

Já me desiludi com o mundo e com o todo tipo de ideologia, já juntei dinheiro, fui feliz, tive muitos e muitos amigos – mas nunca subestimei meus inimigos.

Já aprendi arranhar o violão, me entusiasmei pela musculação, fiz natação, cresci no campo comercial e me instrui na computação – mas nunca neguei a alguém um pedaço de pão.


Mas não importa o que eu fiz ou deixei de fazer; pois até agora não sou nada, mas um dia pretendo ser. 






@LordBoor, 2016. 

Chanson D'Amour


Ela pensava de novo é amor
Às cinco da tarde no Cafe de Flore
As voltas com o inverno e com seu cachecol
Relia passagens de Michel Foucault
Ele pensava de novo é amor
Num quarto alugado colado ao metrô
Às onze da noite revia Truffaut
Beijos Roubados, fazia calor
Como Zepelim flutuando no ar
Suspiros flutuam por todo lugar
Por todos os cantos ao som da chanson
Chanson d'amour
Ela pensava de novo é amor
Em Copacabana com qualquer senhor
De madrugada fingindo prazer
Vendia seu corpo sem qualquer pudor
Ele pensava de novo é amor
Escrevendo cartas a todo vapor
Na cela apertada entre outros ladrões
Roubava frases de Arthur Rimbaud







Vinhos, perfumes e café.




Vou caminhando neste compasso lento
Assobiando canções acústicas e pensando em você.
O verbo já não conjuga sonhos envelhecidos
E meu coração adormecido cansou de bater.

Minha poesia nem sempre têm rimas
Mas minhas mãos sempre tiveram calos
A vida que escoa me propôs uma eterna sabatina
 Na escolha que desce todos os dias pelo ralo.

Já fui um romântico indiscreto
Amante de vinhos, perfumes e café.
Hoje sou um poeta e pecador confesso
Escrevo versos como um tiro no pé.

Infame a moda antiga
Amo livros e canções démodé
Como uma musica sem cifras
Sou ainda um mistério para você.









28 de setembro de 2016

Sei que você não bebe, mas tome este whisky comigo!




Por favor, me sirva um café bem quente, forte e sem açúcar ou uma dose de whisky puro, temperatura ambiente e sem gelo (...). Preciso conversar um pouco; nada especifico ou importante, mas sucinto conversar – podemos falar sobre sentimentos, comportamento humano, politica, anatomia, historia e estórias se preferir. O que me importa agora é ouvir a tua voz e fazer uma introspecção com relação a nós e o mundo que nos circuncida.

Na verdade nem quero falar muito, estou inventando uma desculpa para estar do seu lado. Para ser bem sincero, estou precisando de um abraço, de uma massagem e de beijos bem molhados. Não estou carente e nem muito afim de um afeto sentimental. Sabe aquele momento de repugnância e desprazer das rotinas? Pois é, estou cansado de comercializar produtos e aliciar argumentos para pessoas improlíficas. Passei a minha vida inteira fazendo sempre as mesmas coisas, cumprindo usualidades e golpeando metas. Agora estou com um desejo desenfreado por noticiosas probabilidades.

Sei que você não bebe, mas tome este whisky comigo!










Se eu te contasse você não iria acreditar




Mas fui eu que rasguei aquele seu vestido preferido, e também coloquei xixi do cachorro na garrafa d’água na geladeira, também varri todo o lixo da casa para debaixo do sofá. Eu adorava jogar bolinha de jornal molhado na parede do teto do banheiro. Quantas e quantas vezes esvaziei o pneu do seu carro para você chegar atrasada no trabalho. Colocava chiclete dentro dos seus sapatos e misturava o teu shampoo com condicionador. Deixava de proposito o leite ferver e sujar todo o fogão. Esquentava a panela com óleo quente e jogava água de longe para sujar toda a cozinha.

Não me esqueço do dia que coloquei “Kisuco” dentro de sua predileta garrafa de vinho e também do dia que soltei o cabo da televisão para você não conseguir ver novela. Lembra-se do seu gatinho “Puma”? Eu odiava aquele gato maldito, eu falei que ele havia fugido, mas na verdade levei-o para bem longe e soltei na beira da estrada. Seu computador ficou lento de tanto vírus que coloquei, fui eu mesmo que pinchei o muro da tua casa e coloquei a culpa no “Dudu Chulé”. Lembro-me de você ficava puta e não sabia de onde vinham aquelas borrachinhas pretas espalhada por toda a casa – era eu que chegava do futebol de grama sintética e tirava a chuteira dentro da cozinha.

Eu colocava açúcar nos cantos da casa só para encher de formigas e também deixava o ralo do quintal aberto para as baratas subirem para a casa. Eu pegava sua escova de cabelo e penteava os cachorros da rua, já até usei a tua escova de dente para engraxar meus sapatos. Era máximo colocar bombinhas na caixa de correio e sair correndo. O dia mais engraçado foi quando coloquei cola dentro do seu desodorante e graxa no seu hidratante corporal.

Eu riscava as paredes da casa e falava que eram aqueles chatos dos seus sobrinhos, fui eu também que arranhei toda a lateral daquele seu carro novinho. Cortava os travesseiros e enchia o quarto de espuma. Eu apagava as mensagens do seu celular e dizia que o mesmo estava dando “Biziu”. Na hora do almoço me divertia fazendo guerra de comida com as crianças, estourei todas as lâmpadas da casa com bolinha de gude no bodoque.

Quebrei as pernas das cadeiras brincando de balanço, despedacei todos os espelhos da casa para fazer cerol, eu bebia água e deixava as garrafas vazias dentro da geladeira. Enfiava palitos de fósforos dentro das fechaduras - quando não quebrava a chave dentro delas.

Eu era feliz e não sabia!









25 de setembro de 2016

Sem razão






Abro mão da razão
Para ter paz
Não merece meu coração
A turbulência que desfaz.

Quero apenas beijar
Com vontade, pureza e santidade.
Dançar, rir alto, cantar (...).
Amar de verdade.

Não me refiro à paixão
Mas um afeto consciente
Daqueles que arrebata a alma
E mexe tanto com os sentidos da gente.

Quero conjugar novos verbos
Dedilhar púberes acordes
Degustar velhos vinhos
Possuir um espírito nobre.









24 de setembro de 2016

Pense o que quiser pensar



São tantas e tantas estórias; na maioria – “desnecessárias”. São muitos achismos, julgamentos e conclusões precipitadas. Sem contar o pré-conceito, a mente armada e as dez pedras nas mãos prontas para serem arremessadas. Em contexto geral, as pessoas gostam de discutir o assunto que não dominam, as pessoas aquilatam a ignorância e a intolerância como uma forma de se defenderem aniquilando assim outros conceitos. 

Às vezes é melhor se ocultar, para obter honra e respeito. 

Quem muito se expõe se torna alvo fácil - notoriamente vulnerável a exames e vexames. O silencio é uma poderosa arma versus esta máxima. Ansiedade, Impulsão, falta de domínio próprio, carência, instinto sanguíneo, traumas passados, necessidade de autoafirmação (...) – são características comuns neste tipo de pessoa.

Têm pessoas que contam coisas da sua vida pensando está contando vantagens, mas na verdade está confessando sua própria fraqueza.

Há coisas que merecem esquecidas e nunca mais lembradas. É vergonhoso o opróbrio do pretérito ser alegado com orgulho.  As coisas que acontecem na vida da gente pertencem tão somente à gente. Guarde como experiência e como aprendizado para presente e para o futuro. Aquilo que falamos muitas vezes podem ser usadas contra nós mesmos. 

Comumente as pessoas julgam, fazem fofocas, inventam estórias, mentem e colocam o bedelho onde não são convidadas. Como posso confiar? 

O antídoto para este veneno é se calar, evitar discussões desnecessárias, não se expor e fugir de comentários chulos. 

Preocupe-se mais com a sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o que você é, e a sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam, é problema deles.

Não se assente na roda dos difamadores, dos fofoqueiros, dos mentirosos e dos caluniadores.

E deixe achar o que quiserem.

14 de setembro de 2016

Esvazio-me




Agora me esvazio
De todas as certezas
De todas minhas ideologias
Esvazio-me da fé
Da minha arrogância
E principalmente da altivez.
Esvazio-me do mundo
Dos conceitos
Dos preconceitos
E da minha visão obsoleta.
Esvazio-me 
Porque é necessário me esvaziar...
Preciso de purificação
Limpeza – santificação.
Esvazio-me dos sentimentos podres
E dos pensamentos pobres.
Esvazio-me da ganancia
Das rotinas vazias
Dos meus ritos estranhos
E da fidúcia impregnada.
Esvazio-me
Das teses jurídicas
Dos julgamentos inúteis
E da condenação profana.
Esvazio-me da impuridade
Das falsas amizades
Dos amores corriqueiros
E do falso status de dinheiro.
Esvazio-me
Porque quero viver
Me descobrir
E redescobrir o mundo.
Esvazio-me para amar
E permitir ser amado.
Esvazio-me do mal
Para me preencher do bem.
Esvazio-me com sinceridade
Com verdade
E sem ambição.
Esvazio-me porque o ato de esvaziar
Vai encher de um novo.
Esvazio-me da ansiedade,
Da hipocrisia,
Da depressão
E impropriedade desleal.
Esvazio-me do passado,
Da dor acumulada,
Da sede de vingança
E de um presente sem sentido.
Esvazio-me da real
Das gorduras acamadas
E dos ósculos falsos.
Esvazio-me por esvaziar-me...








31 de agosto de 2016

Um tanto quanto...




Foram tantos planos
Tantos sonhos
Tantas ambições...

Tantas vezes desejei o mundo
E o seu topo.

Também foram tantos beijos
Tantos arpejos
Tantas e quantas decepções...

Tanto esforço
Pagos com tantas lágrimas.

Mas chega o momento
Que a quantidade se torna irrelevante
E o que era “tanto” já não é mais.

O tempo passa e voa
Levando a dor e deixando experiências.

Não confunda tanta solidão
Com a solitude qualitativa
Que descreve a vida.

Deixe de buscar o “tanto”
E se contente com o “quanto”.







24 de agosto de 2016

Tenho planos com você




Tenho todo tempo do mundo para ouvir e permanecer calado.  Poderia passar a noite inteira com os olhos atentos e alma desarmada. Sou capaz de guardar segredos para proteger quem amo. Pode acreditar! Procuro compreender sem antes querer julgar. Embora eu tenha a ciência de quem ainda ninguém tenha alcançado a verdade absoluta, me disponho acreditar temporariamente nas tuas palavras, alegorias, metáforas e concepções.

Importa-me apenas se a estória é boa – não me interessa se ela é real ou não. Não quero provas, desejo tão somente o ponto e o contraponto das consonâncias fazendo harmonia com as dissonâncias - se me conhece, sei que me entende bem.

Poesias ecoam a voz silenciosa do poeta
E habitam nos sorrisos das virgens na cidade santa.
Quem me dera ao menos uma vez
Ser inundado pelos os salmos de Davi
Ou despido pela a musicalidade dos cânticos dos cânticos.
Desejaria eu apenas chorar no Jardim do Getsemani
Ou quem sabe dedilhar meu violão sobre o monte Moriah.

Palavras, poesias e profecias me transpassam; perfuram minhas mãos e fazem minha face mais resplandecente que o sol do meio dia. O louvor que me requer vestes limpas, coração puro e a mente santa é a razão pelo qual não vivo mais para este mundo. Embora meus pés estejam firmes sobre a terra, e minhas mãos envolvidas com o trabalho – minha mente e meu espírito são por instantes arrebatados e levados ao Gan Éden.
No jardim da inocência onde minha alma desfruta das possibilidades, da realidade surreal, das fantasias verdadeiras e essencialmente do paladar do fruto proibido. É na opção do bem e do mal que encontro e reecontro a razão de toda existência.

No olhar ensimesmado de Adão
Sobre a sensualidade de Lilith
E a pureza de Eva
Que a serpente assovia
E compõe seu primeiro funk.
É sobre a vernaculidade de Abel
Que Seth se inspira para lutar contra Caim.
Sim! É no Jardim onde o bem e o mal se encontram para abdicar do não e dizer sim.

Como disse desde o principio; estou de ouvidos inclinados e olhos atentos a estória que quiser me contar. Relaxe, tome um vinho. Aprecie e deguste este queijo suíço que eu trouxe de Portugal. Ainda temos a noite inteira e toda uma vida para compor e viajar. Tenho planos com você – pode acreditar!






22 de agosto de 2016

Homem de dores, e ou a melhor parte.




Pelo excesso de passado – Depressão
Pelo excesso de presente – Stress
Pelo excesso de futuro – Ansiedade


No auge da minha fragilidade pude desfrutar de tudo que há de pior neste mundo. Sofri e quase morri pelos os excessos que vivi. Afundei-me em um abismo e quando me dei conta - já estava no inferno. O desgosto a flor da pele. Havia perdido toda a percepção de ser e principalmente a expectativa de viver. Indubitavelmente meus dogmas foram todos dissolvidos em tese sem fundamentos, me afoguei em um lamaçal de desorientação de sentimentos e também Já não havia mais razões para se perder.

A vida me permitiu acumular tristezas, raiva, magoas, dividas, angustias, culpa e solidão. Não há nada pior para um homem que isso. A morte batia todos os dias na minha porta e me chamava para partir com ela. Não havia mais harmonia do meu espírito com existência. Obviamente, já não tinha mais força para lutar e tão pouco para me defender. Todo o vigor, virilidade, masculinidade, racionalidade e personalidade se dilacerava a medida que o tempo passava. Nunca havia passado por um momento com este, talvez por isso não soubesse como lhe dar com a situação. Chorava lagrimas de sangue de dia e de noite. Até hoje não consigo apontar o ponto central ou a raiz de todo este mal. Fui tragado pela aflição de viver uma vida que não era minha, de me comprometer e nunca fazer. De prometer e desmentir.

O passado me assombrava e a todo o momento me vinha a tona a sensação que não conseguiria sair daquela torturante e eterna situação. Já não tinha prazer em viver, o stress manchava e deixava marcas por todo o meu corpo. A cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento. Talvez nunca já se viu homem passar e acumular tanta infelicidade ao mesmo tempo. O pior era que eu ainda internalizava toda essa dor. Era tanta carga negativa que qualquer coisa boa que se aproximava se repelia por si só.

Não conseguia me libertar do passado, me via encurralado e sem soluções para as adversidades do presente e ainda vivia de ansiedade sofrendo por aquilo que poderia nunca acontecer. Tranquei-me dentro de um abismo sem chaves e sem saída. Um homem de dura cerviz jamais confessaria seus pecados, admitiria seus erros e tão pouco aceitaria qualquer tipo de ajuda. Sofria, mas não me rendia por nada. Estava quebrado, mas meu coração de pedra não se quebrantava. Não havia espaço para sentimentalismo ou coisas do tipo. Carregava todo este peso, pois acreditava de alguma maneira ter virtude em estar errado e suportar a dor.

Pobre e miserável homem que sou. Tive que experimentar o gosto do sangue para aprender a valorizar a vida. Perdi tudo para entender que é mais importante ser do que ter. Admitir pecados é mais nobre que camuflar a culpa. Que todo excesso de expectativas era na verdade uma maneira de não acreditar e ser refugiar na decepção. O dolo não é algo necessário para que seja levado com orgulho para o resto da vida. Adversidades e perversidades são cabíveis a nossa realidade. Contudo, não cabia me condenar a escravidão da eternidade no vale das trevas. Tive que abandonar velhos hábitos e renunciar todo o meu orgulho para aprender a viver a liberdade. Que o gozo da alegria poderia fazer parte da minha vida caso eu aceitasse a ser mais humilde, manso e puro de coração. Permitir-me esvaziar do meu eu e de todo carga negativa para conhecer e desfrutar da paz que excede todo o entendimento dentro do meu coração.

O que era mito ou impossível se tornou realidade. Fui ao inferno, beijei a face de satanás e voltei mais forte para combater o mal. Olvidei o meu passado de angustia e aflição. Abri mão de controlar o meu presente e passei a aceitar como gratidão o futuro que ainda não me pertence. O fracasso foi necessário para me ensinar que ainda não sou nada, mas que posso ser e fazer diferença. Hoje compreendo que todos os dias me é oferecido o bem e o mal, porém me cabe escolher a melhor parte.










Todos os textos são autoria de Giliardi Rodrigues. Proibida a reprodução de qualquer texto sem prévia autorização do autor.

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